Betsabé
Lançava-me ao Poty, águas ternas, mornas, mansas...
O corpo acariciado pelo fluxo; águas ternas, mansas...
Deliciava-me no seio das águas, mornas...
Lânguidas e dormentes, sussuros e correntes: águas do Poty, por ti.
Descolei-me do leito de pedras e areias, lânguida, dormente.
À margem acoitei-me vestida de galhos, ervas, capins, assim...
Estendi a mão ao vestido, a cobrir-me, enfim.
Num repente um chamado por ti! Ali, no leito do Poty.
Poty, ali, vi tua contrariedade por desvelo.
Dize, desde trás os véus de teus segredos: a mim seguias?
E teus olhos vasculhavam meu corpo maduro?
Gestos mansos, silentes, perjuro...
Caçador a perseguir a presa, com cuidado ... delicadeza.
Em mergulhos de sono, eu, presa à reminiscência da espreita,
Vasculho, tocaia, emboscada, disseco e
Estremeço; arrepios e rios e ritmos do Poty, por ti.