Meu fim

Ainda vivo os cárceres deste amor...

Navego em pulos d'água ribeirinha

Bebo o ópio que me engana e fortalece

Conto às paredes a dor da saudade minha

Crio rimas por temer além-padrões

E sou o contrário do que as letras me exigem

Sou bobo da corte, mendigo esquecido

Que guardou sua moeda bordada em fuligem

Não tenho saída, meu amor é uma certeza

E fui entregue ao castigo do poeta

Sua lembrança dói, seu cheiro, seu calor

E me sufocam na escuridão quieta

Sou a lama que seus pés espalham

E se perde na avenida dos loucos

Sou a gota de álcool que falta

Para a terrível tragédia dos outros