Astrolábio:
1 - Para Astrolábio:
Deixo a musicalidade da tua presença corromper o meu silêncio..
Nele, entrego-me, sem reservas ou receios da vida que agora tenho
Caminho lentamente e vejo teus passos saudosos ao mar..
Correm inocente, rumo as salgadas águas que o atlântico traz
Onde almeijas um mergulho, um surpiro, um afago..
E teus olhos serenos..
Correm pelo céu a admirar as nuvens claras e macias
Que desenham no céu da tua imaginação: - Alguma poesia..
Caminhas sobre as águas e sentes o mar morno invadir-te
E inundar tua alma, molhar os teus pés, saciar tua sede
Caminho e escrevo um poema na areia da praia
Que a onda beija e leva para o outro lado do mar
Teus olhos faceiros, sorriem e mundo ilumina-se
Traz o aroma das flores que a primavera prepara
Deixo-me sorrir contigo e partilho de um cigarro
Mesmo sabendo que isto, não combina contigo: - Sorrimos!
Enquanto espero a resposta das águas claras e verdejantes
O mar devolve o poema em forma de conchas, brancas, e o mar..
..Já não se agita, apenas se acalma e canta a música dos deuses
Embalando-te nos sons que a natureza traz amena
Tua alma alça vôos e teu corpo moreno desenha um bailar
Enquanto deixas tua voz soar misteriosa no infinito
Deixo a musicalidade corromper o meu silêncio!
Léa Ferro. Outubro 27, 2007
2 - Astrolábio
Guia-me pelos mares da vida
o teu singelo amor
porque teus olhos
são a Lua na negra noite
a dar vida as estrelas
e a brilhar gentilmente
ao trilhar da caminhada
confortando, as embarcações
e tua boca macia
é o Sol ardente
que ilumina os dias
aquece a alma
e embriaga na emoção.
Guia-me pelos mares da vida
e nas marés a beijar a areia
que morna em ternura
acolhem meus pés
porque teu riso é mar
e o alçar do voo em perfeicção
das Gaivotas e Andorinhas
a migrar, a outra estação
e tuas brandas mãos
são duas nuvens fofas
a chover no deserto
de satisfação.
Guia-me pelos mares da vida
porque o teu amor
é meu eterno astrolábio
e a tua lágrima
meu eterno oceano
que faz-se vivo
ao longe tempo
em além mar
do coração!
Léa Ferro. Outubro, 08-2007
3 - Soneto de divina luz:
Sorrisos teus, tu vistosa: - Oh madrugada!
suavisa, serena tez, a contorcida
engana alguma vez, a dor que o mata
ciúme, pranto e verso, na ferida!
Sofre, as densas horas, que o mar escapa
umidece o campo verde, em desalento
sangra a lágrima cortante, vil como a faca
precisos laços, que mantém, mortal ao tempo.
Chororos versos, inocência infame a suspirar
enfeitiçam-me, no inferno, em tormento
se és-me fado: - Que tu ame! ...eu sou luar.
Se és poema, envolve n'alma, o sofrimento
e vestes-te, de nevoeiro, no algoz amar
a trazer-me, divina luz, morte e lamento.
Léa Ferro. SP, Outubro 21, 2007
4 - Lisboa amada:
Lisboa, mulher ardente
te vestes de fado natural
te invernas de temporal
me vestes de amor latente.
Lisboa, mulher amada
te vestes de poesia
me vestes, de tu'alvorada
na alma que irradia.
Lisboa, de estreitas ruas
te alargas co'a magia
inventas, no poeta a poesia
embriaga-os, de lua.
Lisboa, mar de alma intensa
te vestes no despertar
te despes na noite densa
me despes, ao me olhar.
Lisboa, mulher amada
te vestes de boemia
te entregas a nostalgia
me fazes, em madrugada.
Lisboa, mulher do mar
te despes mulher da rua
te entregas ao meu cantar
e deitas-me, linda e nua.
Lisboa, do cravo e rosa
te vestes de jasmim
deitando-me, toda formosa
com teu aroma, de alecrim.
Lisboa, mulher amada
te despes ao delirar
abraça-me em revoada
e sorri, ao me amar!
Léa Ferro. Outubro 21, 2007.
5 - Sonhar:
Eu poderia sonhar
a beleza das flores
e dos mares no dia do sol,
mas em nada seria deixado
o excesso a fim de sonhar,
se em meu coração
o amor não fizesse a morada
e o cravasse profundo
do amor uma esperança
certa não tivesse o portal aberto
e o meu olhar sorrindo
canta, o amor dos olhos
no alvorecer!
Léa Ferro, 1º de Novembro de 2007.