Patrícia (8ª parte)
As asas sobrevoam mundos conhecidos
Automóveis transitando roteiros previstos
Humanos caminhando passos incertos
Uma natureza verde e viva sendo aniquilada
Animais ferozes em busca de suas presas
Animais mansos num ecossistema com vírus.
As asas sobrevoam mundos conhecidos
Aves prateadas cruzando o céu vazio
Humanóides travestidos de humanos
Uma natureza seca e morta já aniquilada
Espécime raro de animais vivendo em cativeiro
Sanguessugas e parasitas destruindo o que resta.
As asas sobrevoam mundos conhecidos
O sol que se faz presente e ausente
O céu azul poluído pelo império
Ar quente em dias frios
Massa fria em dias quentes
Revolução dos ares
Metamorfose esperada.
As asas sobrevoam mundos conhecidos
Todo esse mundo
Tudo conhecido
Tudo o mesmo…
...
...
...
… Súbita presença sem estar
Improvisado canal de comunicação
Sinais de um sol interno
Ar quente penetrando no meu corpo aberto
Invasão plena e consciente.
E as asas agora sobrevoam outros mundos
Sem truques, sem ganância
Um mundo simples e canalizado
Catalisado em nós mesmos.
E agora, as asas se juntam a outras asas
Sobrevoando e voando
Voando, e num instante:
Suas asas me trazem de volta
Ao mundo já conhecido
Que anteriormente se fazia trágico
E agora se faz belo
Pois os seus olhos se incorporaram aos meus olhos
Trazendo as visões dos mares
Os olhares refrescantes dos ares
A noção exata da poesia.
Suas asas juntaram-se às minhas asas
Num vôo solene de corpos ardentes
E trêmulos por amar o corpo
Também a certeza dos sentimentos
Fruto dos olhares
Reprodução dos encontros.
Você é, surpreendentemente, surpreendente...