Shirley (15ª parte)
Voei por muitos mundos:
Inseguro, incerto, sem clima
Mas voei...
Não posso ignorar os momentos
Felizes, tristes
Com e sem brilho
Mas voei...
Caminhei por caminhos diferentes
Aprendi a olhar a matéria
Apreciei-a e coloquei-me à sua disposição
Aconteceram vitórias e derrotas
Comum a todos os comuns
Seria diferente se não fosse tão igual
Mas voei...
Igualei-me a todos sem maiores virtudes
Com defeitos, comum, apenas comum
Mas voei...
As nuvens passavam baixas
Carregadas de eletricidade
E eu as deixava passar, sem tocá-las
Sem pegar carona
Mas voei...
E tornei-me mais comum
Sem maiores feitos
Não absorvia a vida
Preparei as tempestades da solidão
Fui ao encontro da amargura
Decidi-me pela tragédia
Sem consultar os astros
Sem consultar a mim mesmo
...
...
...
O despertador tocou:
Doze horas
Os retalhos de minha vida começaram a se juntar
Vi pássaros professores
Cada qual com sua missão
Uns me afastaram do deserto
Outros me mostraram o espelho...
E aquela voadora solitária
Que cruzava
E atravessava o mesmo caminho
Sem pedir licença, nem autorização
Arrombou todos os preceitos
Quebrou todas as barreiras e se depositou
Tomou conta, entrou...
Hoje, sei distinguir
Eu sou eu, não era eu
Somente um eu sem eu
Realmente...
Agora, eu sou eu
Apenas esperando, mas certo das decisões
Omisso e ativo, apenas esperando...
Foi você
Voadora solitária que me fez gostar
Que me fez olhar
Que me trouxe à vida...
Com certeza
Voei por muitos mundos
Mas...
Voar com você me gerou vida
E me reparou...
Com certeza
Voei por muitos mundos
Mas...
Com você a diferença é simples
Você me procurava
E, logicamente, me achou.
Estou pra você...