Shirley (6ª parte)
Gosto exatamente de gostar dos gostos que escolho
Mas gosto também de quem gosta dos gostos que escolhi
Pois quem gosta dos meus gostos são os que gostam de mim
Mesmo que meus gostos não sejam os gostos de todos
Nem mesmo o gosto de alguém que gosto
Prefiro que seja assim.
Não saio à procura de alguém
Procuro recolher-me e aceitar
Aliás, aceito porque te encontrei
Deste-me a liberdade
Agir e pensar, sem sofrer pressões ou repressões.
Sempre me dei bem com o verbo buscar
Busquei-te por toda vida
Sem saber, sem imaginar
Mas as imaginações sabiam o caminho que eu queria
E me ajudaram a te encontrar
E me proporcionaram o prazer de encontrar-te.
Não me importo mais com as armas que apontam para mim
Pois tenho o escudo transparente e transparente
Convivo com meu mundo
Sabendo o que quero, e querendo o que escolhi
Luto para fazer parte da vida
Não me importo se se importam.
Deixo claro os meus vazios
Prefiro ouvir as verdades e conviver com elas
Não tenho receio algum das armas
Que apontam pra mim e me sinto num porto
Seguro e com sobras de mantimentos
Sou vida, tenho vida.
Se convivo no tempo zero
A razão é que me vi no tempo menos um
E me libertei para o tempo mais um.
Deixo fluir sem mágoas ou ressentimento
Apenas busco, apenas quero
Não me culpo de nada, e vivo, apenas vivo
Pois quanto mais vivo a vida
Mais prazer encontro para vivê-la.
Não gostaria que me vissem apenas como “um poeta”
Que leva fama de irresponsável, desavisado e sem planos
Não. Gostaria que não se importassem comigo
Que me olhassem, e gostassem do que olham
Não gostando, não se aproximassem
E me deixassem livre, leve e solto.
Liberdade e vida...