Aos de ontem

Meus amores de ontem

Estão todos deitados em silêncio,

Na vaga agitada do meu coração

Como tristes marinheiros perdidos

No mar de meus delírios.

Morreram os amores antigos

Em minha lembrança vasta

Como navegantes desgraçados

Num mar de perdição, sem rumo.

Naufragadas as velhas paixões

Afundam como barris vazados

No abismo do abandono

No descaso do bravio mar.

A escuma leve leva a ternura

Vai à praia, empurrada, a esperança;

Sem vida o corpo das reminiscências se expurga

E aos caranguejos e moscas se aluga.

Mas o mesmo mar que leva, traz.

E se a dor morre com o amor de ontem

Navegando em paz vem ao longe

Um sorriso novo pleno de amor.

11-02-2008