Luz da cidade

Sobre a pinguela um rio vazio eu atravessava,

Via nos campos orvalhados o sol se estender

Metade de mim vivia, a outra tendia a morrer

Minha mãe ordenava:

- Menino anda, vá logo ao armazém e diga

Ao João para mandar uma caixa de fósforos

Ou qualquer coisa que eu possa o fogo acender!

E eu saia descalço pela estrada empoeirada a correr

Sentia um misto de tristeza e alegria por ter assistido

Momento antes, naquele frio, maravilhoso alvorecer.

Logo foice e enxada espelhavam-se nas encostas

Escarpadas, onde aguerridos homens de todas

As cores, de todas as raças e credos trabalhavam

Para com dignidade a gente sobreviver.

No fim do dia, o mato mais alto cortado e espalhado sobre

A relva murchava, novamente anoitecia e eu pensava

Numa SERICITA de paz que aos poucos se cristalizava.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 04/07/2008
Reeditado em 27/01/2010
Código do texto: T1063996
Classificação de conteúdo: seguro