AMOR METAFÍSICO

A minha falta de asas é o que me faz voar, e cegamente te contemplar no inimaginável;

A cada perda que me é rentável, a cada susto feliz que o infinito admite ao meu finito olhar;

Feliz em ser esse deserto-mar, abraço tua magnífica abstração palpável;

E contabilizo esse prazer incontável, quando me asfixia essa generosa presença de ar!

Palmas a esse dinamismo inerte, que me permite o acesso proibido;

O descontrole contido, que me esvazia ao ponto de me inundar;

Quando essa enfermidade tende a me sarar, sou o mais casto embaixador da libido;

Quando não sou visto e sou lido, sou o verso embasbacado a te soletrar!

Porque me falta retórica, quando me acho no ápice de tamanha inspiração;

E essa interminável canção, é carente de uma comparável melodia;

Maravilhosa noite com alma de dia, onde a cada sim sou presenteado por um não;

Recheado em cada vão, captado na falta da exata freqüência e sintonia!

É só no teu olhar que a perda é ganhar, é só em ti que achar é fugir;

Único nada presente no sentir, onde nenhuma outra ausência tão presente está;

Chão do meu voar, lágrima mais dolorida que já se viu no meu sorrir;

Eu não te vejo mas estás aqui, pois adormeço realista e acordo pra te sonhar!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 03/07/2008
Código do texto: T1062874
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