PARA TI, PORQUE VEM DE TI...

È tarde ouço um disco qualquer.

Meu quarto está iluminado.

Estou só, sinto-me só, vazio.

Ouço a música baixinha ao longe,

E não ouço nada ao mesmo tempo.

Recordo-me de ti.

Sinto-me longe de repente,

Procuro na minha mente, um momento de ti.

Em que mais tenha te fitado.

E são quase todos os momentos.

Procuro ver-te sorrindo,

Como és linda!

Vivendo e sonhando, sonhando e crescendo.

E a cada sonho realizado,

Um sorriso ou uma lágrima.

A cada derrota,

Um apego mais forte, à árvore da esperança,

Um olhar sempre além e firme.

És assim.

Assim te vejo.

E trás contigo uma poesia tímida como tu,

Uma poesia que tem de tudo para dar,

E na tua ânsia de dar, nem sabe como dar.

És assim como tua poesia.

E te reconheço a cada minuto,

E te compreendo com o tempo.

E por olhar demais para mim,

Só agora é que te vejo,

Interiormente, espiritualmente.

Só agora sei o quanto, tens verdadeiramente para dar.

E não sei se mereço algo de ti.

Dizes que me ama

E será o meu amor somente, uma recompensa certa para ti?

Não; mereces a imaginação de uma fada.

Os sonhos de um anjo.

E todas as poesias que estão por vir

Cada rima minha, cantará sempre o teu nome

Pelos lugares onde passarem

Cada verso meu, o mais simples

Terá sempre um pouco do teu eu

E a natureza colorirá a alma

Do meu último poema para ti...

Não são simples poemas

Que estou a te ofertar

Saibas que tens entre as mãos

Meu coração a palpitar.

Salvador, 30/09/1971

Barret.