Corrente de ancora

Com a velocidade do transtorno

de um amor agora tranqüilizado,

pulsa no peito inquieto,

uma emoção entrelaçada por forças

que um dia disseram

que o amor envenenado e sufocado

ao contrário de ventos opostos

não move a vela.

Conforme dito, não feito,

esperar calado começo de viagem

é tedioso;

ao se conhecer o caminho,

acomoda-se na poltrona,

e um cochilo fica à espreita.

Nunca é um país que não existe,

só a existência sonâmbula traz o prumo certo.

O cobiçado cálice do amor

permanece escondido no nevoeiro

que conforta o peito, no delírio da procura.

Como achar o perdido,

deixado para trás

e sem importância?

Içadas as velas, aguardando o vento certo,

controlando a maré

vai-se deslizando mar adentro,

para desbravar o inusitado.

Com tranqüila sobriedade no peito,

sobre a corrente da âncora,

para rumar ao infinito.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 02/07/2008
Reeditado em 23/01/2011
Código do texto: T1061463