Corrente de ancora
Com a velocidade do transtorno
de um amor agora tranqüilizado,
pulsa no peito inquieto,
uma emoção entrelaçada por forças
que um dia disseram
que o amor envenenado e sufocado
ao contrário de ventos opostos
não move a vela.
Conforme dito, não feito,
esperar calado começo de viagem
é tedioso;
ao se conhecer o caminho,
acomoda-se na poltrona,
e um cochilo fica à espreita.
Nunca é um país que não existe,
só a existência sonâmbula traz o prumo certo.
O cobiçado cálice do amor
permanece escondido no nevoeiro
que conforta o peito, no delírio da procura.
Como achar o perdido,
deixado para trás
e sem importância?
Içadas as velas, aguardando o vento certo,
controlando a maré
vai-se deslizando mar adentro,
para desbravar o inusitado.
Com tranqüila sobriedade no peito,
sobre a corrente da âncora,
para rumar ao infinito.