Alba*
É preferível murro no rosto
a tapinha de consolo nas costas.
Queria tanto a água cristalina da sabedoria,
para gargantas e mentes secas,
em vez da farofa com hipocrisia,
nas escolas fechadas.
Pimenta aferventada nas vísceras
arde menos do que uma decepção,
ou do que a indiferença do poder.
Quando aprender a mudar,
com quem aprender a mudar?
Como pode, poder podre,
não apodrecer?
A classe dos heróis precisa acordar,
à francesa, sem guilhotina!
Como poder, na oposição,
levantar bandeiras sem rasgá-las,
torná-las alvas e justas.
Cuspo na intolerância pelos famintos,
retruco os velhos caducos do poder
que não querem mudar o feudalismo moderno.
A escravidão contemporânea
é paga com míseros sacos de sal.
* - Antiga composição poética trovadoresca em que se cantavam cenas ocorridas ao romper da aurora. (N. A.)