Alba*

É preferível murro no rosto

a tapinha de consolo nas costas.

Queria tanto a água cristalina da sabedoria,

para gargantas e mentes secas,

em vez da farofa com hipocrisia,

nas escolas fechadas.

Pimenta aferventada nas vísceras

arde menos do que uma decepção,

ou do que a indiferença do poder.

Quando aprender a mudar,

com quem aprender a mudar?

Como pode, poder podre,

não apodrecer?

A classe dos heróis precisa acordar,

à francesa, sem guilhotina!

Como poder, na oposição,

levantar bandeiras sem rasgá-las,

torná-las alvas e justas.

Cuspo na intolerância pelos famintos,

retruco os velhos caducos do poder

que não querem mudar o feudalismo moderno.

A escravidão contemporânea

é paga com míseros sacos de sal.

* - Antiga composição poética trovadoresca em que se cantavam cenas ocorridas ao romper da aurora. (N. A.)

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 02/07/2008
Reeditado em 23/01/2011
Código do texto: T1061458