CÉUS DE TERNURA, PLANÍCIES DE SAUDADE

Normalmente não olho para o passado quando as pessoas que fizeram esse passado já não fazem parte da minha vida actual, e utilizo principalmente esta regra de ouro no amor.

Contudo, hoje, neste poema abri uma rara excepção: Sandra R.M., vivemos qualquer coisa e podíamos ter vivido muito mais (e quem sabe estarmos ainda hoje juntos) mas ambos entrámos num espiral de erros que nos levaram à autodestruição e por fim a uma enorme e definitiva distância. Nunca mais te vi, te ouvi, mas sei que estás longe, imensamente longe, pois esta coisa de se viver na Idade Tecnológica tem as suas vantagens…

Hoje quando vinha de autocarro encontrei alguém muito parecido contigo, e por instantes voltaram as recordações, voltou o passado que se cristalizará neste poema para depois a vida andar para a frente pois as feridas sofridas ensinaram-me a viver no presente, a esquecer o passado e a ansiar pelo futuro.

Já não gosto obviamente de Ti, sinto apenas e ocasionalmente uma distante ternura pelo que vivemos, mas sobretudo pelo que podíamos ter vivido…

Sei e sinto que não lerás nunca este poema (e logo Tu que eras uma das minhas maiores fãs) mas ele fica para quem quiser saber de mais um amor perdido no tempo como lágrimas na chuva

CÉUS DE TERNURA, PLANÍCIES DE SAUDADE

Hoje choveram estrelas

Meu Amor

Hoje o passado visitou-me

Hoje senti o teu calor

Longe

Muito longe

Das últimas palavras amargas trocadas

Bem perto daquele ano

Em que as nossas almas

Entrelaçadas

Estavam apaixonadas

Tinhas o olhar

De um belo tigre

Encurralado

O instinto apelava

A que fosses para qualquer lugar

Embora hesitasses

Por gostares

De estar a meu lado

Ambos amávamos a poesia

Ambos amávamos as estrelas

Mas enquanto tu moravas nas montanhas

Eu ficava-me pela planície

E por isso nunca poderíamos ficar juntos

Apesar de seres

De todas as que amei

Ou amarei

A mais bela

Por isso…

Por isso a nossa história

Estava destinada ao fracasso

O amor não era suporte suficiente dessa desunião latente

Que nunca assumi

Pelo embaraço

Eterno

De nunca assumir

O que faço

Ou deixo de fazer

Para a vocês

Minhas amantes e amadas

Nunca mais

Vos perder…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 01/07/2008
Código do texto: T1059830
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