DUAL
Olhei para o mar e me vi dividida
como se as ondas seguissem curioso percurso:
avante para a areia,
caminhante para alma que não mais semeia.
A brisa me sufocou e, então, me perdi
tocava meu rosto, rasgando-me em carinhos vermelhos.
Num relance, então, flutuei:
em qual dos caminhos, já de tão cansada, procurar-te-ei?
Meus pés decalços, minha pele toda nua,
Por ti , me perdi, como se fosse duas metades partidas em sangue.
A água que toca meu coração
É a vertigem de não mais te ser em dolorosa corrosão.
Ah! Gostaria de me ser em duas
de estar e de mais sonhar
E, no silêncio que me cala todas as noites, em volúpias,
em imensidão oceânica poder-me revelar
Ana Perissé