DUAL

Olhei para o mar e me vi dividida

como se as ondas seguissem curioso percurso:

avante para a areia,

caminhante para alma que não mais semeia.

A brisa me sufocou e, então, me perdi

tocava meu rosto, rasgando-me em carinhos vermelhos.

Num relance, então, flutuei:

em qual dos caminhos, já de tão cansada, procurar-te-ei?

Meus pés decalços, minha pele toda nua,

Por ti , me perdi, como se fosse duas metades partidas em sangue.

A água que toca meu coração

É a vertigem de não mais te ser em dolorosa corrosão.

Ah! Gostaria de me ser em duas

de estar e de mais sonhar

E, no silêncio que me cala todas as noites, em volúpias,

em imensidão oceânica poder-me revelar

Ana Perissé

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 01/07/2008
Código do texto: T1059789
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