Um outro dia na vida (Anjo encarnado meu)
O que um dia cinza como o de hoje
Em que o sol deixou-se ficar dormindo
Teria para me dizer e eu a ele
Eu nada conseguia pensar para dizer-te
Eu caminhei, andei de ônibus, de lotação.
Fui a dois consultórios de médicos
Mandei refazer as lentes dos óculos
Conversei com a gerente do banco
Até queijo comprei no mercado
Tomei um suco de abacaxi
E o dia nada me dizia
Eu me sabia vivo, estou vivo mesmo!
Eu creio nisso até. chupo balas para não fumar.
E fui de novo ao trabalho para dizer aos colegas
Que vou a um terceiro médico amanhã
E a um quarto outro depois de amanhã
Que vai me indicar um quinto, esse de miolo.
Se já não tiver eu partido para os quintos
Ou ensandecido. E talvez volte a ter com
O segundo ou o primeiro que me dirá
O que fazer com o coração do corpo físico
Porque do outro, que carrega a alma,
O amor, a paixão... quem dele sabe dizer?
Se nem o dia disse-me algo de ti e já finda...
Talvez a lua...
Vou já abrir a janela, consultar estrelas.
Por detrás de densas nuvens escuras
Um telescópio talvez ajudasse.
Fecho os olhos, triste também com a noite
E descanso do dia que nada me disse.
E da noite que pouco me fala.
E é um repente tua suave presença em meus braços
Em mim aninhada, e já uma outra noite de amor
Essa uma linda e enluarada noite que me embala
Docemente uma canção me retorna a ti, amada,
Querida e desejada, anjo encarnado da minha guarda.