SINA ATÁVICA
SINA ATÁVICA
(Cadê Você)
Cadê você, meu amigo,
que nas manhãs de domingo
vestia-se de atleta e saía comigo,
para longas caminhadas matinais
que o cronômetro até marcava
as calorias que perdíamos?
E depois de um banho refrescante,
diante do tira-gosto que você preparava
com cerveja gelada espumante,
vivíamos um prazer a mais
na leitura das páginas dos jornais.
Cadê você, companheiro,
que depois do almoço tardio improvisado
se deitava invertido ao meu lado,
pra dividir a recíproca vantagem
de uma sessão simétrica de massagem
que, como uma canção de ninar,
nos fazia simultâneamente adormecer
e só acordar no silêncio do anoitecer?
Cadê você, parceiro,
que me acompanhava ao lava jato
às compras no supermercado
às festas aconchegantes em família
E andava comigo de mãos dadas
na rua, no mato, no shopping, na trilha?
Depois buscava um vinho tinto na adega,
sacava um CD romântico na pilha
pra criar um clima especial - não nega!
E se reportava à infância
pra brincar de rei e rainha,
dar uma de cachorrão,
pedir que eu me fingisse de oncinha
e te apelidasse de tigrão...
Cadê você, aventureiro,
que nos fins de semana
levava o fusquinha à oficina
lavava a moto no posto de gasolina,
ia à chácara bancar o peão,
aparar a grama, rastelar o chão?
Depois propunha cerveja na esquina,
Comer churrasco em Taguatinga.
Viajar ao Nordeste e a Catalão
nas Férias, no Feriadão
Outro dia me contaram
que você agora é peregrino
como era seu sonho de menino,
Pra cumprir uma sina atávica
de destino aventureiro
viver sem eira nem beira,
Quer ser livre por inteiro,
na estrada marcada pela paixão,
que os temporais lavam no verão
e a enxurrada impiedosa desbarranca,
criando desvios de rota por erosão.
Fazer o quê, não é mesmo?
Suas escolhas tomo como diversão
Não sou de andar com mala,
Meus pés são fincados chão.
No espelho da parede da sala
Sua imagem vai aos poucos sumindo...
É a certeza de que a estrada tem fim.
É uma lágrima descendo triste
Pela rotina que já não existe.
É você longe de mim...
Sandra Fayad
(Direitos Autorais Reservados)
SINA ATÁVICA
(Cadê Você)
Cadê você, meu amigo,
que nas manhãs de domingo
vestia-se de atleta e saía comigo,
para longas caminhadas matinais
que o cronômetro até marcava
as calorias que perdíamos?
E depois de um banho refrescante,
diante do tira-gosto que você preparava
com cerveja gelada espumante,
vivíamos um prazer a mais
na leitura das páginas dos jornais.
Cadê você, companheiro,
que depois do almoço tardio improvisado
se deitava invertido ao meu lado,
pra dividir a recíproca vantagem
de uma sessão simétrica de massagem
que, como uma canção de ninar,
nos fazia simultâneamente adormecer
e só acordar no silêncio do anoitecer?
Cadê você, parceiro,
que me acompanhava ao lava jato
às compras no supermercado
às festas aconchegantes em família
E andava comigo de mãos dadas
na rua, no mato, no shopping, na trilha?
Depois buscava um vinho tinto na adega,
sacava um CD romântico na pilha
pra criar um clima especial - não nega!
E se reportava à infância
pra brincar de rei e rainha,
dar uma de cachorrão,
pedir que eu me fingisse de oncinha
e te apelidasse de tigrão...
Cadê você, aventureiro,
que nos fins de semana
levava o fusquinha à oficina
lavava a moto no posto de gasolina,
ia à chácara bancar o peão,
aparar a grama, rastelar o chão?
Depois propunha cerveja na esquina,
Comer churrasco em Taguatinga.
Viajar ao Nordeste e a Catalão
nas Férias, no Feriadão
Outro dia me contaram
que você agora é peregrino
como era seu sonho de menino,
Pra cumprir uma sina atávica
de destino aventureiro
viver sem eira nem beira,
Quer ser livre por inteiro,
na estrada marcada pela paixão,
que os temporais lavam no verão
e a enxurrada impiedosa desbarranca,
criando desvios de rota por erosão.
Fazer o quê, não é mesmo?
Suas escolhas tomo como diversão
Não sou de andar com mala,
Meus pés são fincados chão.
No espelho da parede da sala
Sua imagem vai aos poucos sumindo...
É a certeza de que a estrada tem fim.
É uma lágrima descendo triste
Pela rotina que já não existe.
É você longe de mim...
Sandra Fayad
(Direitos Autorais Reservados)