O PÃO DO MEU AMOR
Numa tarde estonteante, onde a noite convidava o sol para brindar;
Viu-se no horizonte um astro-rei amorenado;
Cor que o destino tomou emprestado para te pigmentar;
E me transformar em teu ardoroso caçador deslumbrado!
Para assanhar os teus cabelos e também os teus desejos;
Para matar minha sede interior nos teus seios de uva;
Para contornar cada curva tua e na saliva de tua boca tomar asseios;
Para acasalar meus devaneios com teu gemido que uiva!
Sem dó de teu açúcar, sem economizar teu mel;
Num segundo na Terra e outro no céu, te fazendo passear;
Teu grito amordaçar, convertendo-te a língua em véu;
Como num anel de amor, sem início e sem hora pra acabar!
Diva do entardecer, fêmea de eterno cio;
Vem castigar meu frio, inflamando meu colo atrevido;
Murmura em meu ouvido, me implora que recheie teu vazio;
Mata-me o fastio, sendo meu pão agora - eu te convido!