QUERO ESSA CHUVA EM MIM...

Chove torrencialmente, uma

chuva fria e intermitente...

Trovões ribombam ao longe,

raios dourados riscam o céu

e eu... Eu sofro a dor das

lembranças nas lágrimas

quentes que molham meu

rosto lívido, misturadas à ela...

O vento açoita as árvores e a

saudade o meu coração;

a chuva cai em pingos de cristal,

mas a treva da noite me envolve

sem piedade, fazendo maior, a

solidão que me abraça com seus

tentáculos  inexoráveis...

Que importa se a chuva me molha

inteira, gelando - me até os ossos,

se a minha alma gélida a todo

frio supera?

Quero essa chuva em mim, quero

sentí - la penetrando - me,

lavando - me, purificando - me

desse amor, dessa saudade

inaudita, maldita que me alucina,

dilacera... Destrói...

Quero então ver o céu bordado

de estrelas limpas e brilhantes,

um luar derramado como um

dossel cintilante e voltar a sentir

um novo brilho, um novo calor,

um novo amor, dentro de mim...