ESSA COISA DE TE AMAR
Não há mais como retornar à natureza algo selvagem que já se domesticou;
As gotas que se precipitam não retornam às nuvens escuras;
A flexa que rasga o ar não retrocede ao arco que a lançou;
A ave das montanhas jamais se aninhará longe das alturas!
O fogo que destroça não pode restaurar o que já consumiu;
A palavra proferida já não pertence mais a quem lhe propagou;
Ninguém trará de volta o sol que no horizonte sucumbiu;
É impossível devolver o mistério ao segredo que se revelou!
Algumas idas se contradizem, mas têm aquelas que nunca terão volta;
Há decisões pouco pensadas, cujos estragos ninguém reverte;
Há colagens que se processa, cuja junção jamais se solta;
O errante padece na indiferença, mesmo que ocasionalmente acerte!
O fim do rio principal é sempre a vastidão do mar;
Não há como a penumbra noturna deter a aparição do amanhecer;
Assim já nem consigo me perceber sem essa coisa de te amar;
Nem poderia denominar o teu adeus de outra forma senão: morrer!!