ESSA COISA DE TE AMAR

Não há mais como retornar à natureza algo selvagem que já se domesticou;

As gotas que se precipitam não retornam às nuvens escuras;

A flexa que rasga o ar não retrocede ao arco que a lançou;

A ave das montanhas jamais se aninhará longe das alturas!

O fogo que destroça não pode restaurar o que já consumiu;

A palavra proferida já não pertence mais a quem lhe propagou;

Ninguém trará de volta o sol que no horizonte sucumbiu;

É impossível devolver o mistério ao segredo que se revelou!

Algumas idas se contradizem, mas têm aquelas que nunca terão volta;

Há decisões pouco pensadas, cujos estragos ninguém reverte;

Há colagens que se processa, cuja junção jamais se solta;

O errante padece na indiferença, mesmo que ocasionalmente acerte!

O fim do rio principal é sempre a vastidão do mar;

Não há como a penumbra noturna deter a aparição do amanhecer;

Assim já nem consigo me perceber sem essa coisa de te amar;

Nem poderia denominar o teu adeus de outra forma senão: morrer!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 24/06/2008
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1048633
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