FACTO

Cansei do descaso

Mesmice que criei

Vi vidas ambulantes passarem

Olhei para o lado

Chorei por você

Bêbado feliz, por um triz

Pagando rodada de bebidas

Bares e risadas, um infeliz

E o menino na calçada

A buzina do apressado

Nas voltas e idas decaídas

O buzinaço do jogo ganho

Os cartolas rindo do outro lado

A pasta do executivo

Esnobe motivo

A faca transparente

Matando um pedaço

Do doce, um bocado

Não olharam pro meu lado

Faróis pedintes

Esperança vermelha

Quem sabe...a seguinte

Por acaso me viu?

uma luz, luz neon

Confesso que vivi

Condenada e malfeita

À espreita, um pecado

Um laço na cintura

No pescoço, no talo da flor

Sufocada pela ferradura

Sem aquele abraço

Na pele, o tempo

Aquele roubo, uma ladroagem

Dor imensa e densa imagem

Marginal, eu à margem

Alegria sonhada, grande gargalhada

Brincando de casinha

E comidinhas e bonequinhas

E uma vida hortelã

Perfeita com sexo

União e amor, família sã

Talvez um caso por acaso

Por descaso...

Cansei de brincar de viver

De amar por amar

Armar barraco

Um pedaço do circo

A lágrima no palhaço

As luzes no chão, caso encerrado

E sangue ensopado círculo

No lenço que era a paz

Apenas um aceno

Uma bandeira branca

Perdida

Cíntia Thomé

Livro Olhos de Folha Minha de minha autoria

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 21/06/2008
Reeditado em 21/06/2008
Código do texto: T1044302
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