A SENZALA DO AMOR
Cheguei à casa grande de teu coração, de um modo inesperado;
Arrastado pelos ventos da sedução, nos oceanos da esperança;
Como criança indefesa fui logo por teus assédios acorrentado;
Como homem provocado cedi aos açoites dos lençois em trança!
Tuas audaciosas mãos de feitora maltrataram meu corpo submetido;
E meus sentidos quiseram se render a tão bem vinda tortura;
Acatei os sintomas de tontura e me permití por teu impulso ser regido;
E me propus a ter fugido, para garantir a tua recaptura!
Desnudo e faminto mantive obediência perante tuas ordens;
E os lábios que me mordem já não arrancam pedaços dessa luxúria;
Com a força de uma centúria tuas investidas me sorvem;
E minhas fomes absorvem, me escravizando em tua ternura!
Faz bem em castigar de amor esse teu feliz escravo;
Tua maldade é um favo, que de mel me sangra de fato;
Sou grato pelo teu leito, onde a sorrir me ensenzalo;
Por vezes teu voluntário escravo, noutras teu capitão do mato!!