A SENZALA DO AMOR

Cheguei à casa grande de teu coração, de um modo inesperado;

Arrastado pelos ventos da sedução, nos oceanos da esperança;

Como criança indefesa fui logo por teus assédios acorrentado;

Como homem provocado cedi aos açoites dos lençois em trança!

Tuas audaciosas mãos de feitora maltrataram meu corpo submetido;

E meus sentidos quiseram se render a tão bem vinda tortura;

Acatei os sintomas de tontura e me permití por teu impulso ser regido;

E me propus a ter fugido, para garantir a tua recaptura!

Desnudo e faminto mantive obediência perante tuas ordens;

E os lábios que me mordem já não arrancam pedaços dessa luxúria;

Com a força de uma centúria tuas investidas me sorvem;

E minhas fomes absorvem, me escravizando em tua ternura!

Faz bem em castigar de amor esse teu feliz escravo;

Tua maldade é um favo, que de mel me sangra de fato;

Sou grato pelo teu leito, onde a sorrir me ensenzalo;

Por vezes teu voluntário escravo, noutras teu capitão do mato!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 20/06/2008
Reeditado em 18/09/2009
Código do texto: T1042970
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.