Do primeiro amor

De certo eu amei apenas uma vez,

como se jamais fosse amar outrora...

Meu coração era tão pouco cortês,

naqueles tempos de minha aurora.

Achava a todos tolos e estúpidos,

ria-me por dentro de tantos absurdos,

e executava tantos comentários súbitos

surpreendendo dos pretendentes, os intuitos.

Até que apareceu-me de repente,

como dum raio de um cometa,

algo que me era tão pouco coerente

e tão complexo para minha caneta.

Ah, ilusão? Quem dera...

Até antes fosse pura quimera!

Para eu não manifestar tantos atos,

para não desencadear alguns fatos...

Mas chegou até mim

o frio na barriga, olhar distante,

as pernas bambas, ansiedade...

É, enfim...

Todos aqueles sintomas de praxe.

E ainda diziam-me que o amor tanto nos muda,

isso me era demasiado angustiante,

mas é manifesto absurdamente compensador

que contentei-me em ser um pouco diferente d’antes.

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 19/06/2008
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