PERFECCIONISMO

O pintor e a musa

passeavam sozinhos,

na tarde-noite do pôr-do-sol.

Em pinceladas vermelhas,

o pintor traduzia a perfeição,

colorindo a ilusão,

de seduzir tão sonhada musa.

Com elegância que não se usa,

beijou-lhe a mão...

em seguida a rubra face

e com medo que a assustasse,

voltou a seu trabalho.

Os olhos negros desenhados,

a pele alva e macia era tinta,

os cabelos, labirinto...

em que se perdia a razão

do pintor ensandecido.

Beijou primeiro a boca molhada

que repousava sobre a tela

e num abraço que amarrotava

o vestido branco dela,

sumiu pintura adentro,

deixando a musa

sentada na grama da colina!