CONTRASTES - amor, dor, ternura e distância

Evaldo da Veiga


Amor caminha ao lado do desprezo:
dor, ternura e ódio, tudo indo pertinho;
junto não, há distâncias nos próximos;
o amor que se busca, um dia ele vem.

Um resto de comida alimentando o pobre,
comida no fundo do lixo, desprezo e dor;
estivesse à tona seria do próximo,
e a fome que permanece, corpo vadio.

Sombra do passado caminhando sozinha/
sol, sombra e a luz que não passa
é devastação, madeira nobre caindo,
político locupletando-se, vergonha indo embora.

É o pobre sozinho, o vento que chega e já vai indo,
o reflexo do que se foi, esperando o que não vem,
chuva fininha vendaval distante, a dor que vem vindo,
ameaça do vento, de suave para forte e terrível.

Passarinho distraem levando pedrada,
flor esperando água, atenção e amor, na distância é o namoro sem prisão,
compromisso sem vínculo, unindo coração.

Queda, ida ao fundo, o ser ressuscita;
a vida iniciando sempre, agora e depois,
ensinando a pescar pra sobreviver,
o troco do acaso da ajuda imprecisa.

Um passo à frente, um outro atrás que vem
vida que vai e volta, um desejo que não vem,
mas que se pede, se repete, desejo em vão,
é o veneno traiçoeiro, é o ingênuo, o mané... 

O rio que caminha sempre, sempre,
despede-se e não volta, jamais, 
águas que passam e que ficam, 
que se foi, uma aqui, outra distante.

Um desejo de recomeçar
não se sabe por onde,
uma promessa pra si mesmo,
é a pedra que diz em silêncio,
abrigando verdadeira alma.

Imagem: Tela do Pablo Picasso

evaldodaveiga@yahoo.com.br