DONA DO MEU AMOR
Você tem livre passaporte para viajar em mim;
E conhecer meus endereços íntimos em que passeia;
É vendaval que me adentra, sol a iluminar-se além de meus confins;
Vivacidade de meu instinto, que te caça e que te rastreia!
Razão de meus soluços, meu resfolgado expirar;
Doce veneno que engulo em nome da sobrevivência;
Haste em que se dependura minha veneração a tremular;
Pecado singular que me inunda de inocência!
Você: reinado vitalício sobre os meus mucamos anseios;
Carta que me descreve em letras instadas a me reler;
Ode de todas as odes, fonte mesclada de mel com devaneios;
Receios esmigalhados pela sorte - eis você!
Dentre milhares a única, das estrelas a que no céu não cabe;
Noite árabe que beija o mar tropical, são teus cabelos;
Dos dedos aos fios derradeiros, minha latente enfermidade;
Que me condena às febres desses meus incuráveis desejos!
Você, poesia que ninguém pensou, você - amor;
Rocha que sustenta os fundamentos da minha paixão;
Grades que libertam o seu escravo, dona de seu senhor;
Você passeia nos fascínios, mas mora em meu coração!!