BARRO INGRATO
O barro que te fizeram
É o barro do qual nasci.
O teu alimento foi a
Folha da árvore que plantei.
A fruta da qual bebeste o suco
Por mim foi cultivada.
Foste gerado, alimentado e
embevecido pelo sangue do corpo meu.
Nasceram plumas, pelos e fios em teu corpo,
Tua carne ficou rica em volume, mas
O barro do teu cérebro que nasceu cinza,
Tu o tornaste negro de tamanha ingratidão.
O brilho do teu rosto que era intenso,
Deixou de ser brilho por atos incontidos.
Teu rosto se fez opaco contendo a verdade.
Colho frutos e legumes, mas tu
Estás faminto.
A árvore que te acolhia já não vive mais.
Pisastes no barro que te fez!
Jogastes o teu alimento à deriva
E o fruto que te embevecia,
Tu o humilhaste e ele secou!
Mariângela Bharros Moraes - 08/06/1985