A borboleta
Aquela que ontem voava
Hoje já não voa mais
Caiu de asa quebrada:
Entre o lago e seus mananciais
Ela ama a areia molhada
E firme e, de fato,
Tendo uma só asa, olha a paisagem,
Não se livra de bárbaro ato.
Não foi por querer nem leviandade:
Acho até que não foi por nada.
E todo dia parada ela amanhece
Ao infortúnio destino ocasionado.
Caso isso seja infortúnio:
Esvai-se a própria vida
Sobre a areia tão fresca,
Por uma tênue asa perdida.