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Decerto quando pouco me atento

para teus inúmeros dilemas cotidianos

tu te derramas em prantos e lamentos

e minha paciência fica te ponderando.

Chama-me para um dedo de prosa,

dedo que sempre há de ser só o teu,

e dia ou outro até traz-me umas rosas

mas esquece do demais que prometeu.

E quando viajamos, toda tua é a viagem,

todos os lugares só são tuas desejáveis visitas,

e eu que não gosto, mal aprecio a paisagem

a raiva é tamanha que dói-me tudo na vista!

E os nossos rotineiros jantares?

Tão pouco me agradam, é tudo a teu gosto,

para ti à mesa só existem manjares

enquanto para mim são mal tira-gostos.

As tuas músicas então, dói-me os nervos

tão mais do que me doem os ouvidos,

são palavras incoerentes, jogadas a ermo

e de que mais alguém aprecie, tanto duvido.

E dos filmes o que dizer?

Tu gostas demasiadamente de ficção

enquanto insiste em escolher

ainda um ou outro de ação.

Nós dois somos incompatíveis, na certa,

pois te observo e vejo meu oposto

e umas vezes penso que me completa,

outras vezes percebo o meu mal gosto.

E tantas vezes a saída gritante

pareceu-me ser te expelir da minha vida

mas tu voltavas todo galante

com pensamentos decorrentes da partida.

E eu, o que fazer se te amo?

Creio que apenas me caiba,

viver ,assim, ponderando...

Nada mais que eu saiba.

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 13/06/2008
Reeditado em 14/06/2008
Código do texto: T1032509