Migrante
Ao deixar minha terra natal
Confesso que senti meio expatriado
Lá não havia pão nem circo
Nem as luzes coloridas da cidade.
Havia mariazinha, taboa e pântano
Grandes fazendas e pastagens; gado
Sedento e crianças famintas; e adultos
Tentando a sobrevivência no roçado.
Não fosse a necessidade lá até hoje
Estaria, vivendo entre tantos Manasses
E Marias, Lucas e Gabriel, das árvores
Extraindo látex e da abelha colhendo o mel.
Mas ficou em mim o desejo de um dia
Lá voltar para rever minha gente
E deliciar do lugar, beber água na fonte
E esta sede de amor dolente saciar...