Do Sonho
Penso nos teus olhos miúdos, inquietos e tímidos
Ritmados pelo som ansioso de semicolcheias
E vejo-me traída pela teimosia da noite
Que desperta em sonho o esforço do dia.
Se nas claras luzes, à luz da razão
Esforço-me em fechar os poros na tua presença
Anulada a vigilância de um querer decidido
Escapa-me do corpo o desejo teu.
Nessa luta infame que em mim se trava
Que minhas forças esgotam, sendo um palco único
Espero pelo aurora que anuncia
O decreto concreto da realidade.
E na batalha de fim já vislumbrado (porque só minha)
Decido-me (mais uma vez) pela morte do desejo.
O dia é meu aliado.