DO AMOR ... .- Epílogo

Eis-me, amor, já consumado.

Houve o início consentido e mais esse amarrotamento de sombras, de luzes e de jogos, brincadeiras, mas baralhamento na brêtema, nesse nevoeiro subtil da emoção entregrafada.

Destarte sofreram a mudança, gentil na intenção, de ser inapreensível, mas sustentável, para o (quase) experimentável e, por isso, friamente perceptível.

E durante o tempo, mítico e cru,

Do amor de ser distraído e pisar as pessoas graves,

do amor de amar sem lei nem compromisso,

do amor de olhar de lado como fazem as aves,

do amor de ir, de voltar, e tornar a ir,

e ninguém ter nada com isso.

DO AMOR DE TUDO QUANTO É LIVRE,

de tudo quanto mexe e esbraceja,

que salta, que voa, que vibra e lateja,

em que tu e eu conversamos, silenciosa tu e eu dizidor, tu talvez consentiente e (quase) entusiasta eu, estive a recitar ladaínha de sentires, nem manifestos de todo, nem por completo mascarados; todos sem dúvida disfarçados e inquietamente investidos do estilístico requinte da escrita procuradamente lírica (ou lítica).

Tudo, amado, de quanto é livre foi para te sugerir que te amo, amor.

Insinuo-te sinuoso mas direto o raciocínio mais forte e mais intenso:

AMO-TE PORQUE TE AMO.

AMO-TE PORQUE TE AMO,

AMOR MEU E NOSSO E TEU.

Galiza (Spain), Verão revolucionário, 1989.