TEU VÔO BRANCO
Recolho o teu silêncio
pássaro branco atravessando a noite
rompendo o espaço difícil
com o vôo da coragem
de ser pássaro.
Recolho a verdade branca de teu ser
no espaço que me abro
para que também
a paisagem se faça mais clara
dentro de mim.
Recolho a verdade limpa da tua dor
onde as minhas palavras translúcidas
aceitam se mostrar
na coragem de um Sol inédito
iluminando este gesto de ousar.
Recolho o momento branco
que aceita as cores e as sombras
e assim se faz todo nítido.
Desse tecido se faz toda espera
nessa terra cresce
a flor da paciência
enquanto
no jardim do sonho
o real adormece
a dor de ser real.
Recolho teu vôo branco
limpo de toda promessa
mas de um delicado aceno
que me ilumina inteira
no cristal da sua transparência.
Do livro inédito CRAVO VERMELHO TERNO BRANCO, de 1991, "publicado" para um único leitor.