MEU ALIMENTO

Você me conhece,

sabe bem, que faço tudo

que você pede.

Você sabe que sou,

o pintor das tuas obras

e aquele que menos recebe.

Mas você me concede, às vezes,

um pouco do teu amor

e eu faço desse amor, o meu alimento.

Sustento-me das tuas migalhas

na maior parte do tempo

e até me sinto feliz.

É melhor estar perto da tua saia,

do que estar longe de você

e infeliz.

Assim vou vivendo,

desses intrépidos momentos,

como se uma insensatez

tomasse conta dos meus pensamentos.

Outras vezes,

até encontro um determinado prazer

nessa louca rotina,

que me afasta de mim mesmo

e me aproxima de você.

Como se existisse um elo,

que demarcasse os limites

do visível e do invisível.

Tornando assim,

totalmente possível

dividir a realidade,

em sonhos e pesadelos.

Exatamente bem no meio,

lá, onde eu me encontro.

As vezes vivo, as vezes morto,

mas sempre desabando,

em terríveis devaneios . . .