NO TABLADO, O PECADO!

Mudaram os valores ficaram os atores... na arena principal perdidos numa ânsia de amor...

Um ator escreve novas cenas em novas arenas...

O outro...

Fica experimentando o doce, doído e fétido piso de cacos de vidro

Que lhe cortam os pés... machucam o espírito...

A alma, o coração o instiga em querer desvairar a razão...

Questionar se morre o ato ou fato ou até mesmo se fecha o teatro...

A peça principal não atrai tanta avidez do publico...

Recobrar a memória, o juízo bendito e assim predizer o crime vivido...

Como um ato de plena fantasia...

Perceber o tablado, marcar o compasso e nova dança começar...

Trocam os atores?

Vivenciam seus amores?

Torrentes de cortes, cenas proibidas, cenas invalidadas...

Ode bendita ou maldita ao acaso ou descaso?

Cortesia da platéia o pedido de um bis.... bis... bis...

Quem sabe tardio... quem sabe frio...

Inodoro... incolor... sem amor..?..

Traça vagamente seu perfil o cenógrafo...

O figurinista teima em vestir de amor... a dor... a cena de favor... corte//// (sic)

A luzes se apagam e a cena que se segue é trágica...

Rompe de dor um ator... pensa que é o seu fim...

Traga-lhe as entranhas a dor que se espalha... analoga ao reacender de luzes...

Gritos e pingos de mel...

Quedam-se em chamas as tramas das fazendas ornadas de jasmim...

Correm aflitos certos olhos...

Verdes... molhados... lacrimejantes...

Cai a cortina - de ferro...

Cai também a espada... o punhal...

Trocam as vestes os atores... novas fazendas adornam a arena principal...

Aglomerados se acotovelam uma platéia ávida de riso...

De riso de amor.... de riso de dor... de riso em cor... de dor de amor...

Brincam sedentos os anjos... as bruxinhas... os serafins...

Cupidos, mascates, alfaiates, sombras escarlates de uma dor de amor...

E a arena range sob o peso dos atores em chamas ardentes por nova cena...

Fecham as cortinas... até o segundo ato...

Mariângela Bharros Moraes - 12/03/2008 - 02:05 Revisado 20/06/2011