Des-vãos do ser:

Alguma Poesia, por: Léa Ferro:

Eu sei que vou te amar:

Há de esta saudade imensa e tenra,

que esta ausência tua causa em mim..

trazer teu riso e levar teu pranto

ao longe vento, em amor sem fim

fazer do amargo uma esperança

onde possas tu voar em alegria

para o sorriso que te clama em brio

No amor eterno, abraçado a mim

há de a chama no caminho permanecer..

viva, como as flores de tua primavera

do dia simples e bonito pôr-do-sol

em que há de um Deus abraçar-nos,

para em perdão trilhar a estrada

interrompida com tanto amor,

que nem a morte é capaz de separar.

E longe ou perto, nossas almas

hão de seguir, o mesmo vento

hão de banhar-se, no mesmo mar

hão de chorar, a mesma lágrima

hão de florir, o mesmo briho

E quem sabe, quando a morte

chegar-nos úmida, doce e serena

meu abraço estendido ao olhar teu

possa em teu corpo, de repente

renascer de luz, por este amor..

Que mortal algum, antes viveu!

SP. 15-05-2007. 1

Adormeci:

Numa madrugada, imensidão

onde o outono fez morada

levando folhas secas ao chão

riscando na nuvem, a alvorada

nuvens macias, de algodão.

Pousei,

na lembrança entumecida

meu cansaso em teu braço

e num sono de uma vida

adormeci em teu abraço.

Sonhei,

entre beijos e saudade

tua face meu esplendor

voando na eternidade

ao teu lado, meu amor.

Sorri,

ao despertar em aurora

sol alaranjado fez viver

todas as nossas horas

em meus labios, eu te ter.

Deitei,

lágrima fria ao solo em fel

por ausência estar em mim

riso tristonho em pleno céu

cravado à pele, amor sem fim.

Voei,

pra que minh'alma, beijasse a tua

e em tua alma, meu voo morar

a tocar suavemente, tua pele nua

e tua asa, vir tenra abraçar.

Deixei,

meu coração, ser guiado além

de um mar em cumplicidade

e teu coração, amar também

levando ao longe, toda a saudade.

Cantei,

versos e prosas ao lado teu

riscando poemas pelo ar

sobrevoando o Tejo meu

que partilhou, o nosso amar!

SP. 18-05-2007

Isto é amor:

Estive a passear pelas ruas

caminhando pela cidade fria

sentindo o amor da querencia

que me viu nascer de uma luz

com meus pensamentos...

... em ti guria dos olhos de prata

meus passos seguiam tua voz

dobrava uma esquina estranha

em busca do som liquido de teus pés

sentindo teu perfume saltar na calçada

sentindo o minuano me rasgar

desejando tuas mãos quentes

a protecjer-me deste inverno

e a acalantar-me desta saudade

onde teu som reboa no azul do céu

e minha alma grita teu nome na rua

e meus olhos ardem em melodia

na ausência que causa-me o teu olhar

dobro outra esquina, sento-me ao bar

acendo um cigarro e de vinho eu voo

fecho os olhos um segundo escuro

e transporto-me ao longe mar

além mar é o meu viver eterno

e minha alma nega-se a voltar

ouço a canção que traduz este sentir:

- Isto é amor! Isto é amor! Isto é amor..

.. e eternidade!

Porto Alegre. 12/06/2007.

Não sei olhar, sem te ver:

Pelo amor de uma mulher

Faço prece ao deus do sol

Sinto a Estrela que me quer

Guiar-me em teu lençol

Sussurrar-me em melodia

Que há de a esperança

Trazer-me Tu em bom dia

Sorrindo como criança

E, em alegria (eu/Tu)seguir

Atravessando o velho mar

Como pássaros a florir

Repousando no suave, amar!

Mas, sinto o tempo na Lua

Arranhando a voz e emoção

Gritando: -Quero ser tua.

No silêncio de um coração!

Amar, não é pecado, nem dor

Amar, é atravessar a barreira

Sentir fortalecer o amor

Que vive em mim, Feiticeira!

SP. 01-05-2007.

Oceano:

Oceano.. salgado.. belo.. puro.. lindo..

Os Pássaros sobrevoam, o oceano!

Cantam.. alegres ou tristes no ar..

Mas sempre alçam vôo rumo ao céu!

Na voz do cantor que eterniza a vida

Na letra em poema que surge aurora

Na mata verdejante em suave orvalho

No riso, na glória, no ar, no Oceano..

Em Oceano se fazem amor e sabedoria.

SP. 18-06-2007.

Canção ao Mar:

canção ao mar..

faz-se poema..

eternizar..

amor e lema.

pescador que rema

rumo ao luar!

BTG. 20-06-2007

Voei:

Voei..

Num sonho

onde a vida

era tão real

senti teu cheiro

o silêncio de

tuas mãos espalmadas

a música dos teus pés.

Voei..

num dia calmo

em prelúdio ao sol

sentindo o mar

rezei..

e eu, não sabia rezar

e eu, que não conhecia Deus

até te encontrar!

Voei..

numa esplanada de cores

tamborizando amores

chorei..

num brilho do teu olhar

num toque da tua mão

num sonho a despertar

sonhei

vidas que nunca vivi

apenas n’alma senti

tua voz,

a me abraçar!

Lisboa, Pt. 02-08-2007.

Da janela

vê-se plumas

a bailar

como canção

que insiste

em despertar

a poesia

em teus dedos

a bradar.

Da janela

faz-se galante

o sol

que persiste

em brilhar

na melodia

cantada

e por vezes

dança

na dança

de teus pés

a deslizar.

Da janela

vislumbra-se o mar

eterno elo

das gaivotas

a voar

a unir

a reunir

a ungir

de pão e vinho

a madrugada

a passar

entre risos

e bocejos

a partilhar.

Da janela

vê-se os pássaros

a passear

em meu sono

eu teu passo

no compasso

do amar

vê-se flores

vê-se a vida

vê-se o céu

azulado

ao meu lado

a encantar.

Da janela

dos meus sonhos

tão reais...

os sabores

dos teus beijos

tão ardentes...

vem depressa

e não sessa

o nosso olhar!

Lisboa, Pt. 04-08-07

Tu..

Que dás forma a poesia

corre o barro em tuas mãos

docemente

moldas o vaso

do poema em construção.

Tu..

Que na madrugada talhas

o desenho d'alma

dando forma e emoção

rabiscas teus versos

na lágrima da canção.

Tu..

Que dás liberdade as letras

que alimenta a paixão

(alça vôo pelos ares)

dedilhas na poesia

a voz da melodia

e, lapidas meu coração!

Lisboa, Pt. 07-08-2007

Na noite.

Na noite

em que as cores

mudam de forma

e transformam-se

em olhares...

somos todos iguais

como poetas,

boêmios,

meretrizes,

e dançarinos,

e deitam-se as almas

sob a luz do luar

sob a melodia

que embala

a magia do dançar!

Na noite

onde somos

imperfeitos e loucos

e libertamos-nos

dos nossos ideais

respiramos o ar

que a negra noite

impôe-nos

ao fazer voar

os nossos pés

no salão

a fervilhar!

Na noite

onde repousa

o ventre teu

em minhas mãos

sopram-se os ventos

em teus cabelos

em tua tez

em teu olhar...

fazendo inveja

às estrelas inocentes

que já nem podem

mais do que tu, brilhar

e toda a emoção

baila no compasso

do teu passo

a me guiar!

Na noite...

teu espírito

flutua,

minha voz

embarga,

tua mão

sacia,

minha face

fica rubra

e, na tua

boca nua

acalma-se,

o coração

na música

a encantar!

Na noite

onde és mistério

e devoção

teus olhar de dama

entra em colapso

com teu

beijo devasso

a devorar

meu coração

a te abraçar!

Lisboa, Pt. 10-08-2007

O Pescador:

O sol, ainda dorme

lá vai ele a navegar

faz café artezanal

e seu sono despertar

é madrugada quando sai

e ouve o oceano chiar

o seu remo é a caneta

e sua poesia o percar

na canoa que o acolhe

dela, ele faz o seu lar

pede a Iemanjá protecção

e de volta a casa, chegar

quando em fartura, a canoa

estiver a carregar

mais que a glória da pesca

faz o seu coração palpitar

percador, de vida e prosa

pede pra Mãe abraçar

o sorriso de seus filhos

e pra nunca seu amor, chorar

inda, que o mar o leve

este mesmo, faça retornar

os seus pés na areia morna

o pescador possa fincar

pra’no abraço caloroso

dos amigos, amenizar

a saudade, dos longos dias

que ele passa a pescar

vão-se dias... vão-se noites...

em que sua terra, é o mar

tem na paisagem, a estrela

lua tímida, a orientar

os seus passos, seus anseios

este pleno pleno desejo de amar

amanhece, um lindo dia

em seu coração a brilhar

anoitece, rezam os filhos

pra sempre o pai voltar

pois quando o mar é revolto

faz o peito, em dor, apertar

e Deus, vem sempre em socorro

pra o coração aliviar

traz o pescador sorridente

inocente a cantarolar

mas o pescador é teimoso

nada o faz aquietar

e o sol, ainda dorme

lá vai ele a navegar.

Lisboa, Pt. 07-08-2007

Em teus olhos:

Em teus olhos

moram cores

as mesmas cores

do mar

moram luzes

e sabores

nascidas

do verbo amar

moram perfumes

e flores

no jardim

de além mar

moram forças

e amores

sustentando

o caminhar.

Em teus olhos

moram canções

que a madrugada

faz brilhar

moram selvas

e paixões

na leveza

dos pássaros

do cantarolar

moram frutas

e corações

que no mel

faz desejar

moram versos

e sensações

que tu faz

eternizar.

Em teus olhos

mora o brio

mora o ar

mora o rio

mora o mar

mora a estrela

mora o altar

mora a vida

mora o falar...

minha querida

mulher do mar!

Lisboa, Pt. 10-08-2007

A luz dos olhos teus:

A luz dos olhos teus

não brilha mais que os meus

quando é despertar

e me beijas singela

és brilhante primavera

a me alimentar!

A voz em grave tom

entontece mais que o som

que faz o sol ao cravar

e deitas toda nua

elegante, como a lua

sorrindo ao me amar!

A luz dos olhos teus

enreda-se nos meus

pra vida, embelezar

o mar e o farol

esquivam-se do sol

só pra te admirar!

As rosas com ciúmes

do teu, louco perfume

a me embriagar

e tens-me, toda tua

na delirante pele crua

no crepúsculo do amar!

Lisboa, Pt. 10-08-2007

Léa Ferro
Enviado por Léa Ferro em 06/06/2008
Código do texto: T1022093
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