Martírio Conjugal

Viver o amor que tudo sacia

mas nada preenche:

o vazio se delicia.

Não há como resistir

à tentação de fugir

quando não há magnetismo

e só convulsões,

a ferida queima

esburacando os corações

Engana-te a ti

Enganar-me foi o que fiz

Ele se engana e o vazio segue motriz

da ânsia de se render

O outro feriu, ao outro feriu você

O remédio para essa doença

é nenhum voltar a se ver

O nojo e o ódio nasceram

e cresceram até mais que o amor:

o corpo já não esquenta,

a mente já não atrai,

ninguém mais se contenta

e o desespero trai.

Um avista a luz que indica a saída

enquanto o outro não sente a vida

E achar que há como permanecer junto

é pedir para se dar vida a um defunto

Beijar a boca que já

não tem o mesmo sabor

é o mesmo que o triste

murchar de uma flor

O melhor é a separação

quando não se consegue continuar

pois dói menos o perdão

que eternamente odiar.

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Dafne Helena
Enviado por Dafne Helena em 04/06/2008
Reeditado em 04/06/2008
Código do texto: T1019907