Tropel de cavalos...
É noite...
Ouço ao longe um tropel de cavalos selvagens...
(... Cavalos que jamais serão domados,
Cavalos livres, não colocam cabresto,
Pois vivem indóceis num raio de luar ...)
Neste tropel há música e encanto...
Nos indomados vêm toda a paixão...
Sei que vens...
Com o mesmo ímpeto dos cavalos selvagens,
Com a mesma força e anseio: liberdade!...
E com a mesma lasciva paixão
Tu vens...
Vejo-os mais perto, descendo da lua,
Tomando conta do meu jardim...
Tomando conta de mim...
Vens...
Serás Pégasus, o cavalo alado?...
Serás o “centauro dos pampas gaúchos”?...
Vens...
Com a força: desejo e lasciva paixão...
– Mas eu te enfrento!
Também sou indomável, embora mulher!
Apenas paixão minha alma não quer...
Tentas envolver-me com beleza e ousadia
Mas eu te rechaço, pois tenho um escudo
Maior do que a força dos cavalos que tens...
Eu tenho a pureza do amor...
Que também é paixão, mas é muito mais:
É amor-doação...
Deste amor não entendes... Por isso não quero
Conspurcar o meu corpo com algo banal!
– Volta com teus cavalos para o lugar
De onde vieste para afogar-me em paixão!
E entende uma coisa, entende de vez:
– Eu tenho um corpo... mas sou coração!!...
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