INVENÇÃO do FOGO

Por mais que a invenção do fogo

revele o rosto de pedra de pouco-deus

do homem que nunca fui herói,

um Amor para além da fúria insana

da posse se instalou por você.

E não mais fui carpinteiro nem o rei

assassinado dos bandidos, o canto algébrico

do sol orquideasingrou nossas carnes,

por você fui o santo desnudado no holocausto

lírico do teu sexo ofertado

para que as tentações lambuzem a manhã

no vermelho louco da fruta liberta

que orvalha a floresta sagrada com teu cheiro

de mulher.

Se fui moldado para o perdão eterno

a miséria mística escorreu no sangue másculo

que me cobre as carnes do teu possuir massacrado

do tanto fazer mais o que os anjos

instalaram nos nossos sexos como mandamentos.

Eu estarei louco nas ruas, coberto apenas

pelos farrapos que me permito tremular

o chamado insano das tuas carnes,

nas quais usufruo o sabor da eternidade

pela rosa íntima dos amanheceres sedentos

que te adocica os quadrís.

Abro as portas da loucura para entender

que apenas em você estou lúcido, urro

porque o frenético é o estado do meu desejo

plantado na carência que te faz mulher,

porque o sabor proibido da intuição

enche de música tuas carnes de lenda.

Eu não te deixarei ir, nunca, sou nascido

apenas para existir amanhecendo

ao teu lado, te amar loucamente

define no fogo a alma,

ao teu lado todas as fúrias desaguam

num acorde perfeito maior,

arrancando o anjo do real

pelo cio eterno dos campos fêmeos