Per favore, signorina

Um castelo ao pé das montanhas.

Alpes friulanos.

Uma sala no castelo.

Um concerto.

O público chega aos poucos.

Demoram em sentar, são vizinhos.

Sessenta... Setenta... Oitenta vizinhos...

Cem...

Os murmúrios na sala aumentam.

Os tapetes fitam para os convidados.

No cenário, só uma cadeira.

E um estranho objeto, pequeno, frente a ela.

Os organizadores entram e saem.

Perguntam: está tudo bem?

Está. É só aguardar.

A ansiedade eleva-se.

Não muito, o suficiente, o necessário.

Melodias, acordes, harmonias, seções, andamentos, dinâmicas...

Atravessam o pensamento.

Dominar-se, concentrar-se.

O mar. O mar. O mar.

O murmúrio apaga-se. Silêncio de um centenar de pessoas.

- «Per favore, signorina.»

Porta do cenário.

Passos ressoantes, agora abafados pela alfombra.

Vista ao público, saudação.

Cadeira, pé, silêncio.

Silêncio.

Mais silêncio.

E os dedos nas cordas iniciam a sua dança harmónica.