Vôo d'alma
Célia Matos
Nada arrebata este silêncio,
nesta noite calma,
que voa minh'alma,
fugindo, sorrindo,
contando estrelas,
pedindo ao luar,
que encurte a distancia,
nesta dissonância de vozes,
que abafa meu pranto,
disfarçado em sorriso.
Neste vôo sem asas,
arrasto comigo a esperança,
e faço meu próprio jogo,
em fogo brando da imaginação.
Quis eu, ter o paraiso,
por duas noites apenas.
Matei o passado,
ignotei o futuro,
vivi intensamente o presente,
tão cândido e puro.
Foi breve...
Trago, agora, doces lembranças,
e o mel do amor na saudade.
A brisa da noite beija-me por ele,
e o vento forte leva a ele
meus murmurios de amor.
Sinto, pela paz do meu coração,
que ele procura-me
em poemas e canções,
e encontra-me dentro de si.
Em razante, sobrevôo seu leito,
e pouso em seu pensamento,
e faço-o conceber sonhos,
comigo nos nos braços,
rodopiando e cantando,
ao som noturno,
a beira de um rio,
a luz do luar.
Me aconhego em seu peito,
beijo seu sorriso,
e deixo-o sereno
entregue ao sono.
Por fim, de volta a mim,
me sinto sonhando,
amando,
e querendo voltar...
Viro-me na cama,
e quase adormecida repito:
''Como é bom amar !!!''
Feliz, volto a sonhar...