Poema para uma Lady ou Retorno a Ópera do Malandro.
Poema para uma Lady
ou
Retorno a Ópera do Malandro.
Ele brinca nas curvas do Tempo
E embora ele tente rodar em seu ritmo, sempre termina na dança e nas curvas de uma meretriz.
Você finge que não liga e ele não finge – a verdade é que não liga mesmo.
Ele está conectado a uma teia invisível e sente apenas aqueles que foram devorados pela mesma Aranha.
Já foi mais romântico, até consegue ser um pouco hoje em dia
Se optar por vida, ele pode levá-la à fonte.
Mas se desejar a morte, saiba: ele nunca irá morrer por você. Nunca!
Ele não se desespera com a distância – pois acredita que tudo é uma questão de tempo e
nem uma pedra saí de seu lugar em vão.
Gosta que o priorizem de vez em quando – admite sua natureza egocentrista
Gosta que o mundo o pertença de vez em quando – sim, ele é megalomaníaco!
Não faz questão que o amem. – contudo tenha a decência de dizer-lhe que o amor acabou.
Ele te ama no inicio e no final das horas – mas quando você vai embora, ele só consegue se amar.
Você colhe flores para conquistá-lo e ele destroí exércitos para chegar até você.
Entre flores e canhões, o mais sensato é optar pelo melhor aroma.
Ele também pode ser simples: se farta de arroz com feijão e pede um colo para deitar.
Não aprecia à boa educação – gosta mesmo é de gentilezas.
Você pode até agradá-lo com um vinho fino – mas no final da noite ele se embriaga nas pocilgas da metrópole.
Sim ele é um malandro, um perdido e também um Dom-juanesco.
Entenda: é complicado amar um pássaro silvestre – se pensar em prendê-lo, seu canto ficará tão fraquinho que nem mesmo a carcereira conseguirá preservar o seu amor.
Então, Senhora Dama da Alta Realeza! Aceite-o assim e o terá todas as noites no mesmo leito.
Mas não se assuste quando o dia amanhecer – ali ele não estará.
De sobra apenas um ramalhete de flores e algum poema escrito durante a madrugada.
Não fique triste! Ele ainda continua amando convictamente. – mas apenas no início e no final das horas.