Poema 0569 - Deveria eu
Deveria eu sonhar mais vezes, cantar mais vezes,
deveria separar a alma do meu corpo e amar,
sem medo, gritar para o mundo surdo de beleza.
Deveria mesmo levantar mais cedo e sair,
sentir qualquer perfume de uma mulher,
regar as flores que outro dia não entreguei.
Deveria ir à lua, parar um pouco em qualquer lugar,
sentir que a esperança caminha à frente da vontade,
que a doçura nem sempre tem o sabor da verdade.
Deveria hoje estar mais alegre que ontem, acabou...
não esquecer o passado, mas não vivê-lo em outrem,
a quem me procura entregar o amor que me destes.
Deveria não pensar no futuro, nem daqui a pouco,
embebedar-me das tristezas até que exalem do corpo,
então compreenderei a vida, dela a essência d'alma.
Deveria não me saciar do amor que dedico,
fazer descer do céu um anjo que proteja cada amigo,
por instinto guardar minha amada em um lugar só meu.
Deveria ter orgulho dos caminhos que tracei,
das sombras onde à tarde relaxei meu corpo cansado,
dos tristes pensamentos que não me deixaram parar.
Deveria ter medo dos fantasmas do meu passado,
vestiram-me de coragem e os enfrento nas suas sombras,
deveria a cada um presentear com um arco-íris.
Deveria dividir meus sentimentos em milhões de pedaços,
em cada alma colocar um grão de vontade e de amor,
ser infinito e sonhar, não importa o que, deveria, deveria...
20/01/2006