ANTAGONISMOS

Cada oposição minha, nada mais é do que a mais pura sinonímia;

Minhas conquistas são ignomínia; e meu defeito é perfeito;

Ainda que seja tropo designativo sem causa ou efeito, sou metonímia;

Ainda que não a tendo e sendo minha, essa coragem é puro medo!

Nada é mais ensolarado, que a minha invernosa noite;

Sou o lampejo desavisado, da mais tateante escuridão;

Eu sou o não que recusa abrigo, pedindo ao sim que me acoite;

Um litoral deserto, indivisibilidade em forma de fração!

Dissonância manifesta na clarividência harmônica;

A sílaba tônica de meus parágrafos átonos;

Eu sou meus átomos, desprovidos de massa fisionômica;

Explosão atômica, sem física quântica e sem artefatos!

Sou o passeio centrífugo em busca de seu centro;

Um vento que já não sopra, e que a tudo imobiliza;

Quando violento eu sou brisa, quando calmo um armamento;

Eu sou argumento, que a coisa alguma justifica!

Eis que te pede amor, este que te é muito mais do que a si;

A quem o ir, equivale a um estático permanecer;

É ele único real ser, de um suposto inexistir;

Que pelas noites vive a te seduzir, pra que nele sejas amanhecer!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 30/05/2008
Código do texto: T1012109
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