Poema 0567 - Meu amor sem ti

Estou vencido, amanheci perdedor da solidão.

Amada! Chama-me de teu quando voltar,

não sou o falso amor que sobreviveu,

nasci dos delírios de uma paixão que não morre.

Quero ser o vinho mais antigo, assim impuro,

teu companheiro, amante e mais nada,

preciso do que hiberna entre teus seios,

quero-te mulher, apenas mulher, mais mulher.

Deixa que todos os meio-dias passem para a noite,

que teus banhos sejam de água e do meu corpo,

as músicas, nossas vozes em tons baixos,

depois te amarei, entre um e outro minuto do dia.

Encanta minh'alma com meus sonhos loucos,

falo do amor que amaldiçoa a escuridão,

busco no corpo um calor que não sei o nome,

que me aquece como rei de uma nação amante.

Muitas vezes me perco entre uma e outra palavra,

volto meus pensamentos aos antigos casais,

nada a aprender, não os vejo vinho, não os vejo amantes,

sinto que nada foi além do que carne sobre carne.

Não! Jamais me chames pelo nome de batismo,

escolhe um deserto e me deixa, é como castigo,

não mudei o amor, não com palavras chulas,

dei-lhe um nome e não aceitou, apenas foi embora.

Não nego que deixei rastros em teu corpo...

chama-me que volto, quando e até que me queiras,

levarei a areia, única companheira deste deserto,

serena como poucos, dura e relaxante quando estou só.

Voltarei qualquer dia, talvez agora, talvez...

não sei amar em guerra, no amor não há luta,

volto meus olhos e não me enxergo mais,

não sem ti, em uma linha reta de um futuro certo.

Amanheceu novamente e não vejo o sol,

o céu sumiu do pensamento

não sei mais me querer, não por momentos,

estou vazio por todos os lados de dentro do amor.

Na pele, depois da carne, corre um veio de paixão,

um certo líqüido que vai de um corpo ao outro,

quando fazemos amor, quando prestes ao êxtase,

como em uma magia indo de um a outro corpo.

Penso em ti e ainda não me descobri sem amor,

suga-me minha alma impura, ainda mais,

sou teu remédio e minha cura ao mesmo tempo,

entre uma e outra palavra, mágoas, mais e além do nada.

Talvez ainda falta o vinho envelhecer, como amor,

o corpo sentir falta, calor, frio, ser intempérie,

como se fosse o poder de ter, de viver e do viver,

como a canção que repete o vento nas manhãs de chuva.

Esqueci minhas palavras escritas no deserto,

relatos de amor que o vento não respeitou,

a reação foi como um sopro que apagou a fogueira,

meu sonho ficou sem proteção, meu amor sem ti.

19/01/2006

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 19/01/2006
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