Náufraga em mim ( minha ilha)
Eu estava assim...
Nem plágio nem poesia
Sem notas ou rumos
Presa no silêncio que cala o corpo,
Coração esmigalhado,
Alma amassadinha, sentimentos empoeirados,
Bem escondidos,
No calabouço profundo e escuro
Da solidão.
E então tu nem chegaste
Mas pensaste em chegar
Acenaste da tua nau distante
Aqui, em minha ilha, vi o branco do teu lenço.
Até então
Todos os barcos que mesmo ao longe passavam, passavam.
Seguiam, muitas vezes me pareciam naufragar.
Os mares que circundavam minha ilha,
Eram por assim dizer,
Revoltos,
Armadilhas,
Escuros,
Silenciosos.
Quem ousaria se aproximar?
Descobrir?
Desvendar?
Como naufraga que era, sou,
Esperava...
Construía e desconstruia,
As vestes interiores já haviam se desfeito inteiras,
Era flagelo,
Aquele nu que da frio,
Frio cortante,
Despida de esperanças, expectativas...
Por momentos pensava,
Nunca mais me encontrarei, encontrarão...
Mas o nunca é nada,
A dor é sã.
O tempo arca com suas mazelas.
E nem tudo é perecível,
Principalmente os sonhos...
Precisa somente que alguém o semeie...
E a colheita pode ser farta,
E uma caravela, pode aportar...
E então estás chegando...
Manso,
Recanto de rio,
Aproximando de meu cais...
E vejo, pressinto, intuo,
A carga de sentimentos que podes me trazer...
Então tomo cores,
Desamasso a alma enrugada,
Como um mistério, o coração.
Vai se repondo, recompondo,
Visto-me com alegrias retiradas da escuridão,
O sol,
Agora decidiu aparecer...
És tu,
Com tua presença que colore,
Aquece,
Acende...
Dá vida...
Tira de mim as correntes,
Cuida das minhas feridas,
Desamarra-me,
Retira de meus ombros o fardo,
Repõe a força e a fé...
És tu,
Que chegas...
E trazes os remédios para as dores da alma,
E trazes o segredo que faz pulsar o coração
Trazes enfim,
O amor.