Escravos do Tempo
Escravos do Tempo
Não me adianta dizer que há tempo
Pois do pouco que vivemos
Nada restou
A minha farsa se chama memória
Porque se guardo tanta glória
O que dela restou?
Sabemos que são só retóricas
Uma palavra aberta;
Um amor
E quem chama em vão
Diz, amo-te, então,
Sabe que não são palavras
É silêncio em versos
Sendo vazio
Nada restou
Pergunta-me se lembrarei do passado
Digo-te, ó gosto amargo
Antes ser um córrego a um carregador
Além de mula; escravo
Somos também presenteados:
Filhos da dor
Vai então, carrega o tempo
Mas lembre-se que não há mais vento
As velas travaram; estagnamos no mar
E ao tocar o céu estrelado
Viramos; percebemos:
Nada restou.