PRECISO CONFESSAR O MEU AMOR
Como o ar indeciso entre fugir ou visitar os meus pulmões;
E a palavra não dita, que pela força de seu silêncio promove engasgos;
Sinto-me envergonhado por todas as grades que imponho às emoções;
Sinto-me culpado por todas as preservações, que justificam tantos estragos!
Sinto-me debilitado a cada segundo que fortalece o meu silêncio;
Acorrentado à inutilidade das fugas, traduzida em prudência;
Já nem sei se a verdadeira loucura não seria esse tal bom senso;
E se meu crime maior não estaria na manutenção de tanta inocência!
Queria matar a sede da ética com vários litros de nitroglicerina;
Cegar os incisos da moral com códigos de revolta;
Queria invadir os cronômetros do destino e te dar a mim, ainda menina;
E te ensinar os endereços do meu coração, por caminhos sem volta!
Porque não posso mais calar os gritos de meu olhar;
Não posso censurar as minhas asas e nem castrar a minha pena;
Declaradamente ou não, sempre te escrevo e vivo a me denunciar;
Displicentemente ou não, sou palco que constantemente te encena!
Por isso estou aqui, a prevenir os dias que me são opostos;
Não há pedaço desse universo vasto, que não contenha rastros desse amor;
Ainda que publicamente inconfessos, meus desesperos estão expostos;
Ainda que me esconda em meus versos, um homem que te ama, é tudo que sou!!