PRECISO CONFESSAR O MEU AMOR

Como o ar indeciso entre fugir ou visitar os meus pulmões;

E a palavra não dita, que pela força de seu silêncio promove engasgos;

Sinto-me envergonhado por todas as grades que imponho às emoções;

Sinto-me culpado por todas as preservações, que justificam tantos estragos!

Sinto-me debilitado a cada segundo que fortalece o meu silêncio;

Acorrentado à inutilidade das fugas, traduzida em prudência;

Já nem sei se a verdadeira loucura não seria esse tal bom senso;

E se meu crime maior não estaria na manutenção de tanta inocência!

Queria matar a sede da ética com vários litros de nitroglicerina;

Cegar os incisos da moral com códigos de revolta;

Queria invadir os cronômetros do destino e te dar a mim, ainda menina;

E te ensinar os endereços do meu coração, por caminhos sem volta!

Porque não posso mais calar os gritos de meu olhar;

Não posso censurar as minhas asas e nem castrar a minha pena;

Declaradamente ou não, sempre te escrevo e vivo a me denunciar;

Displicentemente ou não, sou palco que constantemente te encena!

Por isso estou aqui, a prevenir os dias que me são opostos;

Não há pedaço desse universo vasto, que não contenha rastros desse amor;

Ainda que publicamente inconfessos, meus desesperos estão expostos;

Ainda que me esconda em meus versos, um homem que te ama, é tudo que sou!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 26/05/2008
Reeditado em 13/08/2009
Código do texto: T1006040
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