BEIJOS ESQUECIDOS

BEIJOS ESQUECIDOS

J.B.Xavier

Despe-se o céu em tortas caricaturas de silêncios ausentes

Enquanto a realidade se contorce em espirais de insanidades

Elevando-se ao infinito, na clausura de liberdades contidas

Perpetuando a agonia da ausência de sentido e significados.

Ruge a lua ao uivo de outrora elevadas intenções, hoje caídas,

Queima o vento a pele enrugada pela longa estiagem de amor,

E no firmamento, crepitam estrelas, como fagulhas do incêndio

Que devora pouco a pouco a alma em solidão.

Volatiliza-se o horizonte, diluindo-se em confusos infinitos

Dissolve-se o sol, absorvido por tempestades indomáveis,

Enquanto o rochedo chora a falta de carícias das ondas

Que sobre si derramavam-se em carinhos inconcebíveis...

Vai-se o tempo, absorvido no vórtice de perdidas existências

Escoando-se por frestas de incontáveis desesperanças,

Enquanto o ocaso extingue o dia, cobrindo-o com penumbra

Cujos silêncios abafam os gritos de veladas promessas.

Deita-se a esperança no leito que lhe servirá de túmulo,

Vencida, enfim, pela longitude do caminho, além de suas forças,

E cansados da caminhada, repousam o abraço não dado,

O sorriso aprisionado, o passo congelado, o beijo esquecido...

Lentamente as luzes dos sonhos cedem à noite dos vazios da alma

Enquanto o clamor de mil vozes consome-se em inúteis questionamentos

À espera de um amanhecer sempre mais distante e improvável

Onde um novo dia, nos braços da esperança moribunda, há de nascer...

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JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 26/05/2008
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