POEMA A RUPDNR...
Rio de Janeiro, 1973
Sinto na alma aquela dor imensa:
Por ser tão grande, diminui meu ser
Que se agiganta com a recompensa
Na esperança que ela vem trazer...
Foi um encontro casual, pensei...
...E o destino vai nos separar...
Faz muito tempo, os olhos cerrei
Vendo o passado, de novo, voltar...
No meu conceito, nada é errado,
Quando amamos, mesmo sem poder...
Tudo na vida quando é limitado
Deve ser dado a quem puder viver...
Pobres de quantos, morrem a toda hora,
Levando a mágoa de um sentimento
Que não tiveram pela vida afora
A experiência de um só momento...
E muitos amam, universalmente,
Não só a essa ou aquela Musa...
E se lhe nega o amor, uma somente,
Recorre à outra, que não lhe recusa...
O meu futuro, por ser tão incerto,
E as circunstãncias que me traz à vida
Limitam muito, tudo que acho certo
Naquela imagem que trago escondida...
E eu amei uma Mulher, somente...
Amor mais puro, jamais existiu.
Umas vieram me fazer descrente,
Outras passaram por meu corpo frio...
Agora penso nela novamente
Como aliás, pensei por todo o tempo
E quando ontem a vi, neste presente,
Fui ao passado todo, num momento...
Sei que pra ela sou ilusão querida,
Maravilhoso sonho que sonhou...
Saudade renovada de uma vida,
Passado que em presente se tornou...
Sonhei com uma tarde cheia de harmonia
Em que a Natureza exuberava...
Tanta beleza, tanta alegria
Que não acordei do sonho que sonhava...
E, ao refletir, maravilhoso dia
Naquele encanto que ela me deixava
Surpreendi a minha alma fria
Com o calor daquela que tornava...
À luz do tempo, a sua imagem linda
Sorri pra mim, como se fosse agora
E eu, amando, como a amo, ainda
Fico feliz pois sei que ela me adora...
Adolescente, o meu amor lhe dei
A ela, menina-moça que me amava...
O seu amor, então, eu conservei
No decorrer do tempo que passava...