AO SABOR DOS TEMPORAIS
sem pressa,
sem antes
nem depois
somos dois
lassos amantes
ternuras de pernas
entrelaçadas
estremecimentos
momentos
no chão lapidadas
e assim vadios
alheios, aliados
morremos na tarde
nosso fogo arde
e pousa nas cinzas
da lareira...
somos pássaros,
de asas fulgurantes
que nascem dos
nossos gozos
...fogueira...
enquanto isso...
sem que a nós se revele
lá fora as areias, alisa o tempo
c'oas plumas do vento
doce arrepio na pele...
na tarde morrente
ainda em andanças
nossas pernas dançam
nossos pés se beijam
e as mãos onde estarão
enquanto tua boca
faz caminho suave
sobre os meus contornos?
ah teus beijos
alongados e mornos
ah tua boca errante
delírio viajante
de lábios entreabertos
encontra agora a minha
mergulha em rumo incerto
desejo assim desperto
agridoce sabor da tua pele
teu aconchego nos meus
quadris
teu cheiro no meu
é raio no céu
é vendaval
e nós, folhas que vão e vêm
pernas em lutas de ventos
nossas águas...
é temporal...